Embora todos estão com um cuidado detalhado para tentar proteger Divaldo Franco de sua reputação após ceder o evento que lidera, o "Você e a Paz" para o lançamento do estranho alimento conhecido como "farinata", não há um argumento lógico que preserve toda a mitologia construída em torno do líder "espírita" e suposto médium.
Analisamos algumas hipóeteses que poderiam servir de justificativa para alguém considerado como uma divindade viva, com embutidas qualidades de sabedoria perfeita e bondade infinita, embora a prática tenha provado que tais qualidades senão inexistentes, residem no suposto médium de forma rudimentar.
Vamos imaginar algumas situações e verificaremos que em nenhuma delas Divaldo consegue salvar a sua reputação de "perfeição máxima", tendo se conformar com o prestígio de uma mera liderança que é simpática a seus seguidores.
1. Divaldo não conhecia João Dória e sua farinata:
- Mito derrubado: o de paranormal conhecedor de tudo
Divaldo Franco cedeu seu evento para o lançamento da farinata por um político (que não se considera político, mas faz politicagem como ninguém) e que poucos dias antes estava envolvido em vários escândalos por causa de sua atuação mais do que confusa diante da prefeitura de São Paulo.
Talvez na tentativa de se redimir, Dória, como um bom publicitário, decidiu lançar uma campanha supostamente filantrópica que se caracterizaria por um estranho alimento batizado de "farinata". Segundo Dória, além de supostamente alimentar os mais pobres, aproveitaria alimentos que seriam descartados, que seriam processados nesta forma de alimento.
Investigações levaram muitas suspeitas ao estranho alimento, tanto pelo mistério em torno de sua fabricação como o envolvimento de empresas suspeitas no processo e distribuição. Após inúmeras críticas e acusação de segregação (obviamente o próprio Dória não trocaria seu caviar pelo troço que ele lançou).
Só que para piorar ainda mais o episódio, Dória foi convidado para lançar o engodo no evento liderado pelo "espírita" Divaldo Franco, que ainda homenageou o prefeito, sabe-se la porquê.
Como é que um homem que é considerado uma divindade viva e portador de superpoderes capazes de identificar o caráter de uma pessoa de forma automática, não viu que estava diante de um picareta e de seu projeto ainda mais picareta, acusado de ter matado várias pessoas em sua fase de testes, em uma instituição paulista.
Sem conhecer Dória, Divaldo contraria seu prestígio de sábio conhecedor de tudo através da paranormalidade. Os espíritos supostamente superiores foram incapazes de avisar Divaldo sobre a cilada ou o suposto médium não é paranormal coisa nenhuma, oferecendo o evento em troca de algum possível benefício e reconhecimento público.
2. Divaldo conhecia Dória e seu projeto:
- Mito derrubado: o de homem comprometido com o bem estar da humanidade
Imaginemos que Divaldo conhecesse Dória, inclusive seus escândalos, inclusive a "farinata". Divaldo, neste caso, age como cúmplice de Dória e dos corruptos por trás da fabricação e distribuição do engodo, derrubando o mito de bondade infinita.
Sabendo de todo o episódio, Divaldo mostra a incompetência total em sua capacidade de filantropia, ao apoiar um alimento sem origem segura e que serviria de um alimento segregador, pois seria uma forma de alimento a ser dada aos pobres, diferente da que é dada às classes que organizaram o evento.
Nutricionistas haviam garantido que o alimento ofendia a dignidade do povo pobre, que teria como única forma de alimento algo de origem desconhecida (o que poderia sugerir falta de cuidados e de higiene) e que nunca seria consumida pelas elites que apoiaram o evento.
Com esta hipótese, Divaldo se assume como cúmplice de João Dória e das elites presentes no evento e as envolvidas com a criação do alimento.
3. Divaldo queria utilizar o evento para divulgar seu trabalho de filantropia:
- Mito derrubado: o de humildade e falta de interesse pessoal
Divaldo poderia ter convidado o prefeito, independente da opinião que o suposto médium tem do prefeito paulistano, para dar visibilidade aos seus projetos de filantropia e de conseguir algum tipo de ajuda ou de projeção.
Mas com isso, Divaldo age por interesse próprio esperando que a associação de seu nome a um político que além de governar (de forma incompetente, bom destacar) a maior cidade da América Latina tem um certo poder midiático, possa alavancar projetos do suposto médium na capital paulita.
Mesmo assumindo o risco de associar seu nome a álguem com a reputação duvidosa, como comprovou fatos ocorridos antes do lançamento da "farinata", Divaldo mandou chamar o prefeito para participar do evento sem fazer qualquer tipo de cobrança. Lideranças "espíritas" nunca cobram nada das autoridades, esperando delas apenas prêmios, o que derruba o mito de responsabilidade social associado frequentemente com as lideranças "espíritas".
Como veem, Divaldo Franco decidiu encerrar a sua carreira da pior forma, se associando a João Dória, alguém que vem sendo esculachado até hoje pelos seus inúmeros erros e trapalhadas, cujo desejo de se tornar presidente da República teve que ser abortado pela falta de coisas positivas a mostrar em sua campanha.