"Espiritismo" brasileiro, a doutrina do "ouvi dizer"

Já repararam que boa parte dos dogmas do Espiritolicismo, são na verdade consagrados pela difusão boca-a-boca, sem qualquer tipo de estudo ou análise? 

O Espiritolicismo, nome que poderia ser dado a essa forma destrambelhada de Espiritismo que predomina no Brasil graças ao não estudo das obras kardecianas e a inserção de um monte de enxertos estranhos, em sua maioria Católicos (Chico Xavier e os fundadores da FEB eram dissidentes católicos), além da pieguice doentia que trava o cérebro e cega corações, tem dogmas totalmente surgidos "do ar", difundidos e espalhados através de palestras e conversas entre gente comum.

Apesar dos livros psicografados (e não-psicografados também, além dos pseudo-psicografados - como há coisa!) serem superestimados e aceitos sem qualquer tipo de verificação de autenticidade de seu conteúdo, boa parte dos dogmas se consagra pelo prestígio de centros, personalidades, espalhados de pessoa para pessoa, como uma regra social.

E aí é aquela coisa: "ouvi tal médium dizer", "o palestrante disse que", "o espírito ditou", etc. Tudo aceitado cegamente, com irresponsabilidade total. Como se o prestígio de quem disse pudesse servir de confirmação lógica para os dogmas. Dogmas que na verdade são difundidos como se fizessem parte de uma fofoca.

E desta forma, toda a deturpação da doutrina segue intacta, impedindo a compreensão da obra doutrinária original e travando ainda mais a evolução espiritual das pessoas, principalmente a de seus supostos seguidores.

Forma deturpada do Espiritismo enfraquece cada vez mais na internet. Fora dela, ainda segue com plena força

Se depender da internet, espíritos como Bezerra de Menezes, "André Luíz", Emmanuel, Yvonne Pereira, Chico Xavier e palestrantes como José Medrado e Divaldo Franco, terão que fazer seu proselitismo para as paredes. Os principais deturpadores da Doutrina Espírita e seus similares menos famosos estão comendo a poeira lançada por inúmeros debates que pretendem devolver o caráter científico original à Doutrina Espírita. 

A tarefa ainda é árdua, pois mesmo entre os críticos desses totens e dos abusos cometidos pela FEB (Federação "Espírita" Brasileira, responsável pela deturpação), há os que desejam poupar um e outro aspecto da deturpação, sobretudo o caráter de religiosidade (no mesmo sentido que as religiosidades católica e protestante). Mas mesmo à conta-gotas, os avanços são perceptíveis.

Claro que os espiritólicos, nome que dou aos defensores e difusores da deturpação espírita, ainda são fortes na rede. Sites tentam inclusive forjar teses "cientificas" para tentar provar a falsa veracidade de alguns dogmas, como a presença de Emmanuel na codificação (na verdade foi um xará, ideologicamente oposto ao obsessor de Chico Xavier) e a absurda teoria que diz que Xavier foi Kardec reencarnado, o que as obras da codificação kardeciana provam de maneira clara e sem qualquer tipo de hesitação ou contradição, que é impossível.

Mas os fóruns sobre Espiritismo intensificam cada vez mais o combate a essas tolices espiritólicas que tentam provar absurdos, na tentativa de transformar o Espiritismo, que nasceu ciência, em uma religião dogmática como as outras já são. Mas infelizmente, fora da internet, o espiritólicos ainda encontram a sua total força.

As mídias televisiva e impressa ainda definem como "Espiritismo" esta forma deturpada, elegendo ainda o médium católico Chico Xavier, como símbolo máximo desse "Espiritismo". Centros "espíritas" (muitos filiados a FEB ou sustentados por ela) continuam a fazer palestras difundindo erros doutrinários ou se limitando a fazer explanações prolixas sobre amor ou temas sentimentais.

A única oportunidade conhecida de recuperação doutrinária que fugia do Espiritolicismo, existia na TV Focus, do município de Friburgo, estado do Rio de Janeiro, através do programa Terceira Revelação, apresentado pelo pesquisador espírita José Manoel Barboza. Com morte de Barboza, o programa foi extinto e a sua missão acabou confinada ao Centro Espírita Friburguense, que tinha o pesquisador como diretor-presidente e um dos pouquíssimos centros em todo o país a buscar a coerência doutrinária, o que deve ser um privilégio para os habitantes de Friburgo.

Mas tirando este caso, infelizmente inativo, fora da internet, a deturpação segue bem forte. Obras no cinema e na TV são ainda produzidas para continuar a espalhar a deturpação, infelizmente com aceitação maciça, sobretudo dos católicos que pensam que são "espíritas", sustentadores da permanência da versão deturpada. 

Mas na internet o combate a deturpação segue cada vez mais forte, mesmo com reações. Os centros "espíritas" estão combativos e até lançaram uma espécie de "contra-reforma", mandando abrir palestras com frases e textos atribuídos a  Emmanuel e exaltar ainda mais os seus totens como "enviados diretos de Deus", para que não possam ser contestados. Uma prova de fé cega tão frequente nos outros credos e que só atrapalha a compreensão real do mundo que os espíritos sérios que participaram dos estudos que resultaram na codificação nos mostraram. Ou pelo menos tentaram mostrar.

Continuemos com os debates na internet. E que um dia os totens espiritólicos como os citados no começo deste texto possam ser eliminados definitivamente da historiografia espírita, sem chance de serem associados novamente à doutrina.

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