Mentira tem perna curta. Curta, mas que pode andar por muito tempo

Brasileiros adoram mentiras. Mentiras boas, felizes, caridosas, que venham de fontes confiáveis. A realidade é triste, feia e cruel, portanto, certos tipos de mentira surgem para gerar conforto às pessoas cansadas de ver uma realidade cada vez mais complexa e difícil de se resolver.

Muitas mentiras surgiram no Brasil, desde o seu descobrimento. Mas nenhuma mentira foi tão bem sucedida como aquela conhecida pelo nome de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Sem sombra de dúvida e com muitas provas concretas, ninguém ou nada conseguiu enganar com a mesma capacidade que o falso paranormal, capaz de iludir o mais esperto dos intelectuais.

Há vários anos, este blog tem tentado mostrar a todos a farsa desta personalidade que nunca passou de um reles beato em procura de uma igreja para orar e foi transformado em maior e mais confiável liderança religiosa do país, considerado por muitos o maior filantropo brasileiro.

Mesmo com sérios problemas mentais, Chico Xavier foi dotado de uma certa esperteza e contou com o apoio de muita gente graúda, com excele3nte senso publicitário. Mesmo cheios de erros e mentiras, seus livros são dotados de conteúdo sedutor, que corresponde aos anseios tradicionais de seu público-alvo.

A associação com valores considerados positivos pela opinião pública, somados a fama de incansável filantropo - fama nunca comprovada na prática - fizeram de Chico Xavier um objeto de fanatismo não-estereotipado mas não menos intenso e doentio. Pelo contrário, por não ser estereotipado, este tipo de fanatismo ganha força e durabilidade, por não ser considerado como tal.

Mesmo com o nosso esforço em denunciar a farsa de Chico Xavier, sentimos que o trabalho tem oferecido resultado muito aquém ao esperado. Não temos o poder de convencimento da mídia oficial e em épocas de fake news e pós-verdade, somos confundidos como emissores de falsas informações, pois não temos costas quentes nem alguma força poderosa para nos apoiar. 

Mas Chico Xavier tem. A grande mídia, que não se sente incomodada pelo farsante mineiro por ele não possuir condições de ameaçar toda a mídia oficial, do contrário que os neo-pentecostais, sempre tenta blindá-lo e nunca deixou de fato escapar alguma denúncia contra o charlatão.

Com isso, Xavier segue protegido pela mídia e se mantém altamente confiável para grande parte da opinião pública, incluindo quem não segue a sua religião, uma forma distorcida de "Espiritismo" com muitos enxertos vindos do Catolicismo medieval, descartados pelos católicos mais modernos.

Interessante ver que até mesmo ateus conseguem ser enganados por este farsante que, mesmo sendo admitido como falso medium, ainda consegue enganar a todos através de sua caridade nunca praticada. Símbolo máximo de bondade, Xavier nunca conseguiu melhorar nada neste país, sendo premiado e reconhecido praticamente por nada, só porque angaria a simpatia de multidões, maioria bem de vida.

Infelizmente, graças a omissão da mídia oficial (TV, jornais, revistas e emissoras de rádio), Chico Xavier se mantém altamente confiável. Sua religião, apesar de sofrer número alto de apostasia, tem o trunfo de ser confiável diante de toda a opinião pública, podendo agregar novos membros entre as pessoas que estão fora dela. E isso começa a acontecer.

Nas redes sociais, Chico Xavier segue triunfante. Incapazes de raciocinar de forma plena, brasileiros são presas fáceis para este tipo de farsante. Enquanto não desenvolvermos nosso intelecto, nunca vamos nos blindar de charlatães deste tipo. Achar que apenas neo-pentecostais enganam é um erro.

Enquanto houver carneirinhos, lobos continuarão sendo muito bem alimentados. Principalmente um grande lobo com pele de carneiro e de fala dócil conhecido como Chico Xavier. A mentira mais bem sucedida da história da humanidade. Uma mentira com pernas mais longas das que se pode supor...

"Espiritismo" brasileiro, um Catolicismo a moda antiga

O que os brasileiros estão acostumados a aceitar como "Espiritismo" nada tem a ver com o original, codificado na França. Apesar de falar em reencarnação, comunicação com os mortos e reverenciar Allan Kardec, a versão brasileira é cheia de dogmas estranhos que seriam facilmente descartados com a lógica kardeciana, de tão absurdos que são.

Na verdade há mais semelhança com o Catolicismo medieval no "Espiritismo" brasileiro do que com a doutrina homônima codificada na França. Fica a impressão que espíritos medievais se afinaram com o igrejismo de várias lideranças como os católicos Chico Xavier e Divaldo Franco, que nunca largaram as suas crenças originais, usando o "Espiritismo" para se promover.

A Lei de Atração, quando espíritos seguem aquilo que está de acordo com suas convicções e gostos, importante para entender a influência dos espíritos, é frequentemente ignorada no "Espiritismo" brasileiro. Mas ela é importante para entender que a influência católica no "Espiritismo" brasileiro não é nada benéfica. É como derramar 1kg de açúcar em um prato de feijoada.

O "Espiritismo" brasileiro tem muito do Catolicismo mais retrógrado. Não por acaso vemos espíritos de padres influenciando a doutrina (Emmanuel, Joanna de Angelis, Frei Luiz, Frei Calos Murion, etc.), o que sinaliza que o que se faz em nome da doutrina no Brasil está de pleno acordo com o mais medieval Catolicismo.

Não vemos a influência de espíritos de intelectuais na doutrina. Eles aparecem apenas quando são bajulados ou em mensagens fake em que o conteúdo denuncia que tais espíritos não as disseram. As verdadeiras lideranças espirituais do "Espiritismo" brasileiro são de padres e sacerdotes, pois encontram no repertório dogmático a perfeita afinidade.

Os "espíritas" brasileiros que seguem a linha roustainguista defendida por Chico Xavier e Divaldo Franco devem assumir o rompimento com a doutrina original e assumir um novo nome. O que se faz no Brasil não é Espiritismo. É outra seita. Assumir isso é um sinal de respeito à doutrina original e aos seguidores das duas doutrinas, que deveriam aprender de uma vez por todas a nunca confundi-las.

Divaldo Franco x Papa Francisco, quem é o mais progressista? Você vai se surpreender!

O "Espiritismo" brasileiro sempre foi estigmatizado como "progressista". Talvez pela associação frequente, mas falsa, com o Espiritismo original codificado pelo pedagogo e matemático francês Allan Kardec, este um homem de ideias progressistas e humanitárias. 

Mas na prática, o que os brasileiros conhecem como "Espiritismo", de linha roustainguista, é recheado por vários dogmas conservadores e não raramente anti-humanitários, cortesia dos católicos medievais que fundaram no Brasil a federação que deu origem a versão deturpada da doutrina, que preferiu usar o mesmo nome e associá-lo ao pedagogo francês, mesmo sendo uma seita totalmente diferente da ciência proposta pela Associação espírita de Paris.

O "Espiritismo" brasileiro teve que incorporar vários dogmas católicos, principalmente vários que nem os católicos de hoje querem mais saber, para escapar, no começo de sua fundação, das possíveis punições por ser confundida com bruxaria. Esses dogmas permaneceram e junto com dogmas importados de seitas esotéricas, acabou se transformando em uma igreja de fé cega e muitas contradições doutrinárias.

Mas surpreende a todos que pensavam que o "Espiritismo" brasileiro era a mais evoluída, moderna e progressista das religiões. Outras religiões como o Budismo, parecem mais progressistas. mas o mais surpreendente é que o Catolicismo ultimamente tem mostrado uma guinada progressista.

Além do fato de que a CNBB a confederação dos bispos brasileira, ter dado vários sinais de apoio a causas progressistas, temos um papa que também tem demonstrado uma verdadeira mentalidade progressista, irritando a cúpula do Vaticano.

O Papa Francisco tem dado muitas declarações que mostram um desejo de evolução e de verdadeiro altruísmo. A influência dele como maior liderança da igreja tem feito com que muitos fiéis revessem seus valores e se engajassem em prol de uma sociedade mais diversificada e justa.

Curioso que Divaldo Franco chegou a se encontrar com o Papa, mesmo senso integrante de outra religião. As declarações recentes de Divaldo Franco e o apoio dele ao Golpe de 2016 o colocam em uma posição mais retrógrada que a do Papa Francisco, o que surpreende a opinião pública acostumada com a ideia de que o suposto médium baiano - considerado um impostor por Herculano Pires - seria o mais avançado ideologicamente.

As declarações de Divaldo são coerentes com o nebuloso "Espiritismo" brasileiro, de dogmas altamente conservadores que incluem a nefasta Teologia do Sofrimento, de origem medieval e descartada pelo Catolicismo atual. 

Isolar o suposto médium sem admitir que todo o conservadorismo se encontra nos estatutos da FEB é burrice. Mas mesmo assim, Divaldo deve assumir seu conservadorismo e admitir seu rompimento com o Espiritismo original. Kardec ficaria horrorizado diante da entrevista de Divaldo dada em Goiânia no último dia 13/02.

Por isso que devemos aplaudir o Papa Francisco e vaiar Divaldo Franco. Não adianta o suposto médium baiano tentar bajular Allan Kardec e o Papa Francisco se de fato não compactua com a postura progressista de ambos. A turma do Divaldo é a dos Torquemadas e do Máscara de Ferro, vindos das catacumbas medievais do conservadorismo mais retrógrado.

O Espiritismo perde muito em manter a influência de Divaldo Franco. O Papa Francisco consegue ser muito mais espírita - no sentido kardeciano - que o falastrão líder baiano.

Conservadorismo de Divaldo Franco é o conservadorismo da FEB e do "Espiritismo" roustainguista praticado no Brasil

Um grupo de espíritas de linha kardeciana (longe do Roustainguismo enrustido praticado no Brasil) que segue orientação progressista na política, não gostou de uma entrevista dada por Divaldo Franco em que ele demonstra um conservadorismo bastante arcaico e cheio de erros, condenando doutrinas políticas de esquerda e fazendo comentários preconceituosos contra classes oprimidas.

O texto sensato, se lembrarmos que a doutrina kardeciana não é a praticada no Brasil, é bom lembrar - foi publicado no site progressista GGN, do jornalista famoso Luís Nassif, que é um dos sites que recomendo para quem quer saber de notícias de forma altamente confiável. O manifesto, devidamente assinado, está neste link.

Mas é bom lembrar a estes espíritas, que muitos brasileiros conheceram a doutrina através, não de Kardec, mas do beato católico e deturpador do Espiritismo, Chico Xavier, que a versão brasileira da doutrina está completamente contaminada por inúmeros dogmas conservadores. O que significa dizer que Divaldo Franco estava coerente com a versão brasileira da doutrina, sendo uma injustiça isolá-lo na responsabilidade pelas declarações.

A FEB (Federação "Espírita" Brasileira) já começou conservadora. Foi fundada por católicos de orientação medieval que acreditavam em reencarnação. Aproveitaram as ideias conservadoras de Jean Baptiste Roustaing, até hoje o verdadeiro patrono do "Espiritismo" brasileiro, segundo o que aparece escrito no regimento interno da FEB. Mas como Roustaing não tinha carisma, Kardec foi adotado como um garoto-propaganda, sem que suas observações fossem plenamente seguidas.

O primeiro grande ídolo da FEB, Adolfo Bezerra de Menezes, fiel defensor de Roustaing, era um político de linha conservadora e que por motivos econômicos teve que aderir ao Abolicionismo. Não há uma biografia séria sobre Bezerra, conhecido apenas por lendas e boatos. Mas segundo pessoas que descendem dos que conviveram com Bezerra, tudo que falam de positivo sobre ele é falso, sendo ele o verdadeiro vilão, responsável pela primeira grande deturpação da doutrina no Brasil.

A doutrina como um todo tem em seu repertório dogmático, muitos pontos conservadores, como a Teologia do Sofrimento, a criminalização do suicídio, a obediência cega a lideranças, a tese de que ricos são a reencarnação dos bons e pobres a dos maus, baseando-se na lei de prêmio/punição, além da caridade puramente paliativa (comumente praticada por direitistas e que não fere a ganância das elites), entre outros pontos que vão contra a doutrina original codificada por Allan Kardec.

Ficamos felizes com a inclusão de Sérgio Aleixo, espírita (sem aspas) carioca de linha progressista como um dos signatários da lista mencionada, que tem se esforçado no projeto de devolver o Espiritismo à doutrina original, defendendo o verdadeiro altruísmo praticado pelas forças políticas de esquerda, infelizmente difamadas por uma elite que se recusa a repartir bens e direitos. Aleixo é a pessoa certa para que o Espiritismo possa recuperar seu progressismo e sua coerência original, descartando o igrejismo conservador embutido por Bezerra, Chico e Divaldo.

Espíritas progressistas respondem à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra

Do GGN, O Jornal de Todos os Brasis

Nota de resposta à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra no congresso de Goiás

Espíritas que somos, os abaixo-assinados, tornamos pública a nossa desaprovação a diversas opiniões que foram expostas no vídeo que circulou essa semana nas redes sociais, e que depois foi retirado do Youtube.

Declaramos que elas não nos representam e não representam o espiritismo, pois são apenas opiniões pessoais de seus autores, e que, em nosso entender, carecem de fundamento teórico e científico.

Aliás, médiuns e oradores não têm autoridade para falar em nome do espiritismo.
Ninguém tem essa autoridade, nem mesmo instituições federativas.

O espiritismo é uma ideia livre, cuja maior referência é Kardec

Mas cujos livros também não podem ser citados como bíblia.

Para manifestarmos ideias e posições do ponto de vista espírita, segundo a própria metodologia proposta por Kardec, temos de dialogar com a ciência de nosso tempo, usar argumentos racionais e adotar de preferência posturas que estejam de acordo com os princípios básicos da ética espírita, que são os da liberdade de consciência, amor ao próximo, fraternidade, entre outros.

O movimento espírita brasileiro está longe da unanimidade em todos os temas, sobretudo os que se referem a questões contemporâneas e, por isso, é importante delimitar as posições, para deixarmos claro que declarações como as que foram feitas neste vídeo não representam o espiritismo.

Dessa forma, rebatemos alguns pontos da referida entrevista:

Divaldo referiu-se à República de Curitiba e a seu suposto “presidente”, Sérgio Moro. Não existe uma República de Curitiba, pois segundo nossa Constituição só há uma República a ser reconhecida em nosso território, e é a República Federativa do Brasil.

E a referência a um juiz federal de primeiro grau como o Presidente desta acintosa República é um grave desrespeito ao Estado, à nação brasileira, atribuindo a tal república poderes inexistentes em nossa Constituição.

Além dessa nociva postura marcadamente messiânica e de culto à personalidade, pode dar a entender que o restante do povo brasileiro não presta e que não há pessoas boas espalhadas pelo Brasil dando o melhor de si.

Divaldo chama esse mesmo juiz de “venerando” – o que é altamente questionável, dadas as críticas de grandes juristas nacionais e internacionais à parcialidade desse juiz e a seus atos de ilegalidade, que feriram a Constituição, e às notícias que correm na mídia de seu conluio com determinados segmentos e partidos.

Divaldo assume uma postura claramente partidária, contrária ao PT – o que é de seu pleno direito, mas nunca em nome do espiritismo – fazendo, porém, uma crítica rasa, com uma miscelânea conceitual, chamando o governo desse partido de marxista e assumindo um discurso próprio da polarização extremista, manipulada e sem consistência que invade nossas redes sociais e nossa vida política, contribuindo para os momentos de incertezas e de medos em que vivemos.

Há uma fala extremamente problemática que se refere à chamada “ideologia de gênero”. Não existe “ideologia de gênero” – este é um termo criado por setores fundamentalistas da Igreja Católica e depois adotado pelas Igrejas Evangélicas. Existe sim uma área de pesquisa no mundo que se chama “Estudos de Gênero” – que teve influência de Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Judith Buttler. Os “Estudos de Gênero” se dedicam a procurar entender como se constitui a feminilidade e a masculinidade do ponto de vista social, se debruçam sobre questões de orientação sexual, hétero, homo, transsexualidade – ou seja, todos fenômenos humanos, que estão diariamente diante de nossos olhos. Podemos concordar com algumas dessas conclusões, discordar de outras, deixar em suspenso outras tantas. Esse olhar é muito recente na história e ainda estamos apalpando questões profundas e complexas – e em nosso ponto de vista espírita, não é possível ter plena compreensão delas sem a chave da reencarnação. Uma abordagem puramente materialista jamais vai dar conta do pleno entendimento do psiquismo humano. Mas estamos muito longe de ter gente reencarnacionista competente, fazendo pesquisa séria, para dialogar com pesquisadores com abordagens meramente sociológicas ou psicológicas. Então, nós espíritas, não temos ainda melhores respostas que os outros e não podemos, por cautela, seguir a cartilha dos setores conservadores mais radicais de generalizar esses estudos sob o termo, usado aqui pejorativamente, de ideologia, para desqualificá-los como “imoralidade ímpar”. Parece-nos que uma dose de humildade científica, prudência filosófica e bom-senso faria bem a todos nesse ponto, especialmente quando o domínio sobre os corpos e a sexualidade sempre foi um ponto central para as religiões ocidentais.

Divaldo revela também completo desconhecimento dessa área de estudos de gênero, alinhando-a ao marxismo e ao comunismo. As grandes lideranças desses estudos estão nos Estados Unidos e na Europa. Aliás, os estudiosos desse tema encontram-se em diversas correntes de pensamento, desde marxistas até pós-modernos de diferentes matizes e até liberais. Ao fazer isso, mais uma vez, mostra a adesão a um discurso pronto, midiático, que ressoa nos setores evangélicos e católicos mais radicais, que primam por taxar qualquer ideia ou debate que lhes desagrade com o termo “comunista” – um grande espantalho generalizante, simplista e esvaziado de sentido, mas que tem sido eficaz, ao longo dos tempos, para dar forma a medos sociais e, assim, orientar o ódio e o ressentimento das pessoas contra certos alvos.

Por fim, deixamos aqui as seguintes afirmações:

Nenhum médium ou orador pode falar em nome de todos os espíritas ou em nome do espiritismo. Isso é, por si só, desonestidade intelectual;

Quando um espírita, sobretudo se tem influência sobre a comunidade, manifesta uma ideia ou uma opinião, tem por dever se informar sobre os temas de que está falando, usar referências confiáveis e estar em consonância com a lógica, com a ciência e com o bom senso.

Deve também, preferencialmente, defender os direitos dos mais fragilizados socialmente, no caso, as mulheres, as crianças, os membros da comunidade LGBT+, que são objeto dessas discussões dos estudos de gênero, justamente por estarem vulneráveis a todo tipo de violência e desrespeito em nossa sociedade, além dos negros e negras, as juventudes periféricas e as pessoas com deficiência.

Não deve alimentar discursos de ódio partidário e nem medidas punitivas contra quem quer que seja: nossa bandeira é a da educação, da fraternidade entre todos e da paz, comprometidos com a democracia, a justiça social e a regeneração da sociedade.

Abaixo Assinaram:

Adriana Jaeger Santos, RS

Agnes Vitória Cabral Rezende, MT

Alana de Andrade Santana, BA

Alessandro Augusto Arruda Basso, SP

Alessandro Cesar Bigheto, SP

Alexandre Mota, SP

Alexandro Chazan, SP

Álvaro Aleixo Martins Capute, MG

Carlos Augusto Pegurski, PR

Carlos Sérgio da Silva, SP

Claudia Gelernter, SP

Claudia Mota, SP

Cynthia Maria Fiorini Santos, SP

Dalva de Souza Franco, SP

Dalva Radeschi, SP

Dennylson de Lima Sepulvida, SP

Dora Incontri, SP

Douglas Neman, SP

Eduardo Alves de Oliveira, SP

Eduardo Lima, CE

Erica de Oliveira, SP

Felipe Gonçalves, SP

Felipe Sellin, ES

Fernando Fernandes, SP

Franklin Felix, SP

Gilmar da Cunha Trivelatto, SP

Glauco Ribeiro de Souza, SP

Hélio Ribeiro, MG

Izaias Lobo Lannes, MG

João Carlos de Freitas, SP

Jandyra Abranches, ES

Juçara Silva Volpato, ES

Leandro Piazzon Correa, SP

Litza Amorim, SP

Lorisani Marisa de Leão de Souza, RS

Luciano Sérgio Ventin Bomfim, BA

Luis Gustavo Carvalho Ruivo Andrade, SP

Luis Márcio Arnaut, SP

Luziete Maria da Silva del Poggetto, SP

Marcel Pordeus, CE

Marcelo Henrique Pereira, SC

Marcos Wilian Silva MT

Maristela Viana França de Andrade de Aragarças GO

Maristela Viana França de Andrade, GO

Maurício Zanolini, SP

Murilo Negreiros, SP

Patrícia Imperato Malite, SP

Pedro Camilo, BA

Raphael Faé, ES

Roberto Colombo, SP

Samantha Lodi, SP

Sebastião do Aragão, SC

Sérgio Aleixo, RJ

Silvia Bueno, SP

Sinuê Neckel Miguel, RS

Suzana Leão, RS

Tatiane Braz Comitre Basso, SP

Thiago Rosa, SP

Tiago Fernandes, PR

Vinicius Lara, MG

Willan Silva, ES

Yuri David Esteves, SP

"Espíritas", apoiadores das forças gananciosas?

Uma coisa estranha a notar no "Espiritismo" brasileiro, além da deturpação e da inserção de dogmas estranhos que rompem com o Espiritismo original, é o conservadorismo que contrasta com a fama de supostos progressistas. Conservadorismo que se tornou mais evidente com a aliança de "espíritas" com ideais e até mesmo personalidades do mais retrógrado conservadorismo.

A declaração de Chico Xavier ao programa de talk show Pinga Fogo, em 1971, no auge da ditadura militar, onde elogiou ditadores e torturadores, classificando-os de "construtores de um rein de amor", além da condenação agressiva a movimentos sociais, vão de contra a imagem consagrada de Xavier de altruísmo e progressivismo. Para quem não acredita, a entrevista está no YouTube. Aviso para quem acredita na imagem positiva do "bondoso" médium que vai se chocar.

Outra liderança considerada "importante" para os "espíritas" brasileiros, Divaldo Franco, classificado como impostor por Herculano Pires, ofereceu o seu evento, o Você e a Paz, ao prefeito João Dória (provavelmente esperando algum favorecimento por parte do prefeito paulista) para o lançamento de um estranho alimento para pobres, suspeito de causar mortes em sua fase de testes.

Para quem conhece Divaldo Franco, não pela mitologia positiva construída ao redor dele, mas por fatos desagradáveis em seus bastidores, não estranhou em ver o embusteiro falastrão envolvido com o prefeito de São Paulo, que largou a cidade para se dedicar a uma fracassada campanha presidencial (gestor largando gestão), em um evento de falsa filantropia e ativismo que só serve para promover o suposto médium para a opinião pública.

Recentemente, vimos dois casos de "espíritas" de mãos dadas não somente com forças conservadoras, mas com forças inspiradas pelo mais cruel Nazismo, sobretudo a mais do que suspeita Lava Jato, também apoiada por Divaldo Franco, que coloca práticas inspiradas no Direito nazista. 

O jovem suposto médium Robson Pinheiro, lançando livro com teses alucinadas, sob suposta orientação de um espírito ironicamente chamado de "Inácio", praticando o falso testemunho condenado pelo Cristianismo que finge seguir, acusando os petistas de serem uma organização criminosa. 

Robson Pinheiro está sendo ou burro, ou cruel ou ate maluco em rotular uma força política que beneficiou, de forma comprovada, e ainda beneficia a todo um povo como "organização criminosa", entrando em grave contradição com a caridade que finge defender. Pelo jeito, para Robson Pinheiro, fazer caridade é crime e merece punição.

Outra é a declaração do latifundiário, suposto médium e ainda mais suposto filantropo João de Deus sobre Sérgio Moro e a seletiva Lava Jato, que nunca pune integrantes do PSDB: a de que gostaria de ver o juiz parcial de inspiração nazista como residente da república pelo fato de ser um homem bom e justo. 


João de Deus, que se mostrou um farsante ao recusar em aplicar em si mesmo o curandeirismo que faz aos outros, deveria se informar mais sobre o juiz filho de tucano, amigo de tucano e provável agente da CIA, viajando com estranha periodicidade aos EUA para receber prêmios e orientações, principalmente no Wilson Center, instituto criado para obrigar nações a seguirem normas impostas pelos governantes americanos e grandes corporações lá instaladas. Homem bom, Sérgio Moro? Qualé!


Com esses exemplos e outros que não falamos aqui por falta de lembrança ou de espaço, mostram que o "Espiritismo" brasileiro é uma farsa completa. Farsa como doutrina científica, farsa como filantropia e farsa como ideologia progressista. 

É na verdade uma seita elitista que surge para satisfazer os interesses de suas lideranças e que usa a caridade, malfeita por sinal, para se promover e impedir que o verdadeiros caridosos (criminosos na ótica de Robson Pinheiro) atrapalhem a ganância das elites.

Não se enganem: Chico Xavier, Divaldo Franco, Robson Pinheiro e João de Deus falam em nome da ganância burguesa. Isso invalida qualquer forma de caridade praticada por estes charlatães.

O documentário que Divaldo Franco deveria assistir


Em uma entrevista, Divaldo Franco, ídolo de muitos esquerdistas ingênuos, declarou fé na Lava Jato e classificou os membros da operação como "Missionários da Ordem do Bem" e cuja missão foi orientada por um "Plano Superior Divino".

Veja neste documentário o que os "Missionários da Ordem do Bem", sob a orientação do "Plano Superior Divino" são capazes de fazer.

Chico e Divaldo escolheram de que lado estão. E não é do lado dos mais humildes

Aos poucos cai a máscara do "Espiritismo" brasileiro e a farsa da sua "caridade intensa" que nunca trouxe resultados significantes para a sociedade. Fatos cada vez mais frequentes mostram que lideranças "espíritas", desde o inicio, sempre estiveram do lado das elites, nunca exigindo delas medidas que pudessem acabar com a ganância e que pudessem trazer melhorias aos mais humildes.

Usando o prestígio de "grandes benfeitores", Chico Xavier e Divaldo Franco, já praticantes comprovados de uma imensa quantidade de irregularidades, seduziram multidões que acreditavam ver neles os "verdadeiros tutores da humanidade", quando na verdade sempre foram dois embusteiros a se dar bem com a fama de filantropos.

Chico e Divaldo nunca esconderam seu conservadorismo. Destruíram uma doutrina inteira, a de Allan Kardec e usando o nome do codificador, inseriram um monte de absurdos e contradições típicos de uma seita igrejeira de fé cega sem compromisso com o mundo real.

Afinados com o conservadorismo do Catolicismo Medieval e com o Neo-pentecostalismo, Chico e Divaldo finalmente afirmaram de que lado estão, decepcionando inúmeros admiradores que cresceram acreditando que ambos eram militantes em prol da evolução humana.

A concordância do golpe e das cruéis medidas tomadas na gestão Temer, que pretendem aumentar a concentração de renda, destruir a soberania nacional e piorar a já péssima qualidade de vida dos mais humildes, mostra que o compromisso com a verdadeira caridade de Chico e Divaldo nunca passou de fachada e que o prestígio de ambos foi conseguido às custas de muita manipulação mental, explorando de forma eficiente a emotividade alheia.

Pois agora, os admiradores desesperados, desafiam a lógica ara tentar devolver os dois "médiuns" a mitologia de progressismo altruístico que sempre foi artificialmente atribuído a eles. Fãs dos "médiuns" estão fazendo de tudo para salvar seus ídolos, que nunca passaram de formas humanas de zonas de conforto. Chico e Divaldo poderiam muito bem ser descartados sem prejuízo algum à humanidade.

O apoio de Chico à ditadura militar e de Divaldo à Lava Jato, claramente inspirada no modelo nazista dos juristas que trabalharam para Adolf Hitler e que nunca pune os verdadeiros corruptos, desmascara os dos supostos "benfeitores", que não somente destruíram uma doutrina como apoiaram instituições e lideranças gananciosas, usando uma forma fraca de caridade para se promoverem.

É preciso que descartemos esses e outros farsantes para que a humanidade possa se evoluir. O modelo lançado por Chico e Divaldo infelizmente tem sido copiado e uma geração de embusteiros começa a surgir, usando o falso altruísmo para obter fama e benefícios.

Chico e Divaldo escolheram o seu lado, ao apoiar ideologicamente as duas ditaduras, a militar de 1964 e a jurídico-midiática de 2016, ambos controlados por grades empresários. Chico e Divaldo estão do lado das elites e cuidadosamente evitam prejudicar os interesses destas.

E quanto aos pobres? Jogue os em uma casa, dê sopinha, cobertor e proselitismo religioso que tudo estará na santa paz, com os dois "médiuns" elevados a divindades sobre-humanas, "gestoras do universo".

O tipo de maldade ignorada como tal por Chico Xavier e Divaldo Franco

Este documentário, sobre a Doutrina do Choque, mostra um tipo de maldade humana não considerada pelos "espíritas" como tal. Chico Xavier e Divaldo Franco deixaram caro estar do lado de defensores deste tipo de crueldade, como os militares da Ditadura de 1964/1985 e de políticos conservadores, incluindo os que apoiaram o golpe de 2016 e várias lideranças capitalistas.

É um lado triste do "Espiritismo" brasileiro que muitos fiéis ingênuos insistem em negar. Se soa como uma crueldade acusar Franco e Xavier de terem apoiado tiranos sanguinários, digo que é muito mais crueldade o que é narrado neste documentário. E apoiar lideranças sanguinárias é, infelizmente uma forma de se tornar cúmplice dessas maldades.

Esta acusação, com base em fatos reais, deixa escancarado o charlatanismo de falsos profetas como Chico e Divaldo, além de denunciar o apoio irrestrito a forças cruéis conservadoras, eliminando o mito de bondade infinita de farsantes que usam a caridade apenas para se promover e difundir ideias erradas que mataram a essência do Espiritismo original.

Infelizmente é fato o apoio do "Espiritismo" brasileiro a doutrinas sanguinárias e ao mais ganancioso Capitalismo. A atitude inerte que lideranças "espíritas" demonstram diante de tiranias deixa claro o desprezo que integrantes desta seita estigmatizada como "progressista" com o bem estar dos mais carentes.

Bom lembrar que a caridade "espírita" nunca foi além do paliativo e o resultado desta caridade incapaz de acabar com as desigualdades e de extinguir com os privilégios dos mais ricos. pelo contrário: com claro respeito à ganância dos magnatas da Terra, senão a defesa e o apoio à mesma.

Veja o vídeo até o final. Não há citação a "espíritas", mas a ideologias e práticas defendidas por empresários, políticos e autoridades apoiados pelo "Espiritismo" brasileiro.

Herculano Pires denunciando charlatanismo de Divaldo Franco

Segue carta de Herculano Pires, espírita (sem aspas) sério e maior discípulo brasileiro de Allan Kardec, escrita nos anos 70 denunciando o charlatanismo de Divaldo Franco, incluindo a denúncia de que ele como filantropo pratica "conduta condenável", desfazendo o estigma consagrado de "maior filantropo do mundo". Leiam.

Carta endereçada ao jornalista Agnelo Morato

Por Herculano Pires

Você sabe que o Chico mudou-se de Pedro Leopoldo para Uberaba, arrancado ao seio da família e à cidadezinha do seu coração por força das manobras das Trevas através do seu pobre sobrinho. Lembra-se? E não se lembra que o tópico mais importante da carta do Chico ao Jô é aquele em que ele (Chico) afirma que são essas mesmas Trevas (a mesma falange) que está agora se servindo do Divaldo? Para que fim? Para que fim?!

Muito antes do “estouro” com o Chico eu já havia sido advertido espiritualmente a respeito do médium baiano. Durante meses evitei encontrar-me com ele, pois é sempre desagradável constatar uma situação mediúnica nessas condições. Quando me encontrei, tudo se confirmou. Não tenho, pois, nenhuma prevenção pessoal, nada particular contra ele. O que tenho é zelo, é prudência, é necessidade de por-me em guarda e evitar que os outros se entreguem de olhos fechados às manobras que infelizmente se desenvolvem através da palavra ilusória desse rapaz. Espero em Deus que ele (agora roustainguista confesso e novo ídolo da FEB) ainda encontre o seu momento de despertar, antes que esta encarnação se finde.

Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita.

Você acha, Agnelo, que Emmanuel advertiria o Chico sem motivo? Que o Chico se recusaria a receber o Divaldo e escreveria uma carta como aquela ao Jô por despeito ou ciúme mediúnico? Você acredita que o Chico esteja obsedado e que o Divaldo seja uma vítima inocente? Que todas as trapaças do Divaldo sejam bênçãos do Céu para o nosso movimento? Que seja nossa obrigação acobertar e bater palmas a companheiros que têm esse procedimento, relatado acima apenas em parte?

Ainda hei de lhe contar um dia, pessoalmente, a trama que tive de ajudar alguns amigos a desfazer – uma trama maquiavélica, de tipo medieval, para pôr um “fim feliz” ao caso Chico-Divaldo, deixando o Chico na condição de ciumento e o outro na condição de vítima inocente.

Temos de ser, meu caro, mansos como as pombas, mas prudentes como as serpentes. Quem o disse foi o Cristo, que deve entender do assunto. E Kardec adverte, em “O Livro dos Espíritos”, Kardec e os Espíritos, que é obrigação dos homens de bem desmascarar os falsos profetas. Obrigação, veja bem, obrigação! Por isso não recuo diante (embora não me considere tão “de bem” assim…) diante dos casos de Divaldo, Hercílio Maes e Ramatis, Roustaing e FEB. Não será com a minha conivência que o joio sufocará o trigo da seara. Isso tem me custado caro, muito caro: mas Deus me tem ajudado a suportar o ônus. 

Sua carta é muito engraçada em certo sentido. Para defender o Divaldo você critica a minha posição em referência a três médiuns. Um é o Urbano, de quem você diz “o discutido Urbano”. Confesso que isso me surpreende. Soube, ainda em vida do Urbano, de um caso entre ele e o Russo, aí em Franca, que aliás me pareceu sem sentido. Fora disso, o que sempre vi foram demonstrações de confiança na mediunidade de Urbano, mesmo de parte daqueles que condenavam seu temperamento às vezes violento – pois a mediunidade é uma coisa e o temperamento é outra. Minha experiência de muitos anos com Urbano foi das mais felizes. Ainda não encontrei outro médium de tanta sensibilidade e que tantas provas me desse da sua legitimidade. E você deve saber que essa foi também a opinião do Schutel, do Leão Pita, do Baptista Pereira, do Odilon Negrão, do Wandick de Freitas, do Parigot de Sousa e tantos outros. Nunca o Urbano serviu de instrumento para mistificações conscientes ou para desvirtuamentos doutrinários. Tenho por ele o respeito que merecem os verdadeiros médiuns.

No caso Arigó, você diz que eu o defendi mesmo depois da sua queda. E como não fazê-lo? Ainda há pouco enviei a Matão uma entrevista, pedida pelo Jô, em que explico algo do assunto. Arigó, realmente, nos últimos tempos, deixou-se levar pelos interesses materiais, empolgou-se pelas possibilidades que se abriam diante dele, mas esteve longe de praticar os atos indígnos que lhe atribuíram os adversários. 

Esteve em grande perigo, mas a culpa foi mais dos espíritas do que dele. Era um homem rude, semialfabetizado, vivendo num burgo medieval dominado pelo clero. As instituições espíritas em geral só se interessaram pelos resultados positivos do seu trabalho, mas não lhe deram apoio. As Federações fizeram como Pilatos: lavaram as mãos na bacia de César. Em Marília, num congresso de jovens, a FEB proibiu que fosse votada uma moção a favor dele (que estava preso em Lafaiete), mas autorizou a votação de uma moção em favor da construção da sua sede em Brasília… Isso, sim, é que é dois pesos e duas medidas. Até que Arigó resistiu muito, demorou bastante a entrar em deterioração, e só não acabou no desastre completo porque o Fritz já havia dito que, na hora perigosa, o levaria para lá.

A morte de Arigó o salvou na hora “h”, no dia “d”. Cabe-nos agora aproveitar o saldo positivo que ele deixou e que é imenso. Por sinal que os seus erros eram pessoais, individuais. Nunca Arigó tentou levar os seus erros pessoais ao meio espírita como prática e exemplo. Errou por falta de visão, por envolvimento do meio, por falta de apoio moral. Nunca tivemos, porém, no campo da intervenção cirúrgica espiritual mediunidade maior. E não seríamos nós, agora que ele se foi, que o seu caso já se encerrou, não seríamos nós que iríamos desmoralizá-lo. A mediunidade é uma coisa e o médium é outra. Mas para os jejunos no assunto as duas coisas se misturam. Acusar Arigó depois de morto, por deslizes que não chegaram a comprometer a sua mediunidade, seria dar armas aos adversários e às Trevas. Além disso, na enxurrada de mentiras e calúnias lançadas contra ele há muita incompreensão espírita. O que nos interessa em Arigó é a espantosa mediunidade que enriqueceu o patrimônio das realidades espíritas na Terra. Você queria que eu o acusasse? 

No caso do Rizzini não há também intenção malévola alguma. Rizzini é médium e bom médium. Conheço-o há tempos e já tive boas experiências com ele. Se você acha que a sua atual produção psicográfica deixa a desejar, isso não me parece motivo suficiente para que eu o ataque ou desencoraje. Rizzini está se iniciando nesse campo novo e já produziu muita coisa boa, quase excelente. Não é um fingido nem um trapaceiro, mas um espírita corajoso e que deu mostras de sua fidelidade à doutrina nas horas difíceis, quando muita gente boa se encolheu, se fechou em copas. Ele é sincero, franco, leal – e às vezes até agressivo, mas dessa agressividade que caracteriza os espíritos corajosos. Não há a menor possibilidade de compará-lo ao perigo que Divaldo representa em nosso movimento. Entre Rizzini e Divaldo há o abismo da impostura.

Perdoe-e, caro Agnelo, se acaso usei de algumas frases ou expressões que poderão impressioná-lo. Escrevo-lhe de coração aberto, de irmão para irmão, tratando de assuntos que exigem clareza, posições definidas. A hora é de transição, de confusões, e devemos manter nossa posição com segurança. Não me seria possível calar nem desconversar diante da sua “provocação”. Aqui vai a resposta, caboclo velho, o tiro de trabuco desfechado na testa, como convém quando o tocaieiro escondido na moita ameaça a caravana desprevenida.

Não me queira mal. Nem me interprete mal. Divaldo me interessa como criatura humana, como nosso irmão, pelo qual devemos orar, pedir a Deus que o livre de maior envolvimento das trevas. Estou pronto para recebê-lo para o cafezinho, principalmente na sua companhia, mas sem que você ou ele alimente a vã esperança de me arredar da posição assumida. Como você viu acima, meus motivos são fortes demais, são de rocha. 

Perdoe-me se magoei a sua sensibilidade, principalmente nesse campo tão melindroso da afetividade. Com a qual Divaldo e outros da mesma linha costumam jogar com habilidade. Não trapaceio com o coração, com o sentimento. Louvo o seu interesse fraterno pelo Divaldo – ele necessita disso, e muito. Mas entendo que o Chico também precisa da nossa fidelidade, do nosso amor, da nossa gratidão. Ele não tomaria a atitude que tomou no caso por simples leviandade. Chico é uma personalidade espiritual formada no cadinho da dor, do sacrifício. Os seus guias espirituais são bastante conhecidos de nós todos. Que direito temos nós de rejeitar a sua advertência num caso como esse? Então ele só nos serviria quando fala em coisas que nos agradam?

Recomende-me ao Novelino, a d. Aparecida, aos seus familiares e aos amigos francanos. E não se esqueça, meu caro, de que estou escrevendo francamente para um francano…

Um grande e sincero abraço do:

HERCULANO

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