A Regeneração não veio. E agora?

Por Domo Arigato, extraído do blog ESPIRITISMO DE VERDADE

Allan Kardec havia dito que a evolução da humanidade seria LENTA e GRADUAL. Mas parece que para os "espíritas" brasileiros , "lenta" e "gradual" se refere a um punhadinho de anos. Uns míseros mil anos seriam suficientes para grandes mudanças. Erradíssimo.

Se até nações milenares anda não atingiram o que seria o mínimo ideal de uma sociedade justa e inteligente, imagine um país jovem, mal nascido há pouco mais de 500 anos? Nação que mal começou a aprender a engatinhar e que para os "espíritas" menos esclarecidos é considerada a "nação mais evoluída do planeta"(??!!), capaz de dar "grandes lições de humanidade".

Pois quem está por dentro da realidade e leu os livros originais de Allan Kardec reconhece que a evolução humana levaria bilhões de anos para subir cada degrau. Os últimos anos demonstram que ainda estamos bem atrasados, com todos os instintos e a nossa sede por ganância perfeitamente intactos. Ainda agimos como animais e usamos a nossa capacidade de raciocínio de forma ainda bastante equivocada, tomando as piores decisões e soltando os mais cruéis preconceitos.

A lorota "espírita" de que entramos em regeneração mostra uma verdadeira pressa, não em nos evoluir, mas em assumir um rótulo de superioridade não condizente com a realidade, mas perfeitamente atrelado à nossa vaidade e à ganância que insistimos em manter.

É muito fácil para muitos acharem que é muito bom comemorarmos a mudança de estágio, mesmo quando ela não ocorre de fato. A vaidade é um dos nossos instintos e assumir um rótulo estigmatizado como algo positivo nos agrada bastante, ao mesmo tempo que nos mantém inertes diante da evolução.

Por causa de nossa vaidade, entramos em "centros espíritas" para fingirmos que estamos entrando em uma era de transformação. Mas, ora, cadê esta transformação? Na verdade, o que queremos mesmos é o rótulo de "progresso" que servirá para esconder o nosso teimosos conservadorismo que nos aprisiona na zona de conforto.

Vamos ser realistas: este papo de "regeneração" é uma ilusão. Ainda estamos bem primitivos e continuo a pensar se ainda estamos longe de entrarmos na fase de "provas e expiação", pois há muito de barbaria na sociedade atual.

O que podemos garantir e que as lideranças "espíritas" que se consagraram no Brasil mentiram para os seus seguidores, forjando uma evolução irreal, com base em estereótipos mesquinhos e atitudes medíocres. Não, a regeneração ainda não chegou e a realidade mostra que temos muito mais a aprender do que pensávamos.

Ou os "espíritas" reconhecem isto, se livrando das ilusões fabricadas pelos Chicos e Divaldos da vida, ou é melhor fechar as portas de "centros" e procurar lideranças mais realistas a nos alertar sobre o que está acontecendo no mundo real.

O fato é que não estamos evoluindo. E se não admitirmos isto, aí é que a evolução nunca virá, sendo cancelada por inúmeras vezes e por um longuíssimo e muito distante prazo.

"Você e a Paz": conheça o evento que lançou a farinata de João Dória

A cada ano, no dia 19 de dezembro, na praça do Campo Grande, em Salvador, Bahia, o evento "Você e a Paz". Liderado pelo líder "espírita" Divaldo Franco, o evento, que pretende ser um "ativismo" em prol do que os religiosos chamam de "paz" na Terra, na verdade nunca passou de uma culto ecumênico em que o suposto médium, junto com representantes de outras religiões cristãs, realizam uma espécie de missa ao ar livre para dar início aos festejos natalinos.

É um evento inócuo que a cada ano perde público, sendo assistido, como objeto de curiosidade, pelos frequentadores das praças em que ocorrem as mesmas. No último dia 09 de setembro, foi a ocorrência da terceira edição na capital paulista e contou com um convidado ilustre: o próprio prefeito de São Paulo, que usou o evento para divulgar seu "projeto filantrópico": a controversa farinata, feita com restos de alimento.

É uma forma recíproca de promoção pessoal, em que tanto o prefeito (um "não-político" com imagem abalada por escândalos) quanto o médium (maior liderança de uma seita que a cada dia perde seguidores por não conseguir explicar suas contradições) lutam para preservar seu prestígio diante da opinião pública. A união dois dois criou uma desastrada simbiose que na verdade serviu para arruinar ainda mais as já destroçadas imagens de ambos.

O evento "Você e a Paz" nada tem de ativismo. Ele foi construído com base na noção vaga do que seria "paz", uma linda palavra de carga semântica agradável que no fundo ninguém sabe do que se trata. A observar a realidade de tudo que nos rodeia, "paz" seria uma situação onde o rico fica na dele, com seus excessos e o pobre suportando sua dor, gemendo sem ser ouvido, isolado em sua periferia. Cada um em seu cando, sem mexer com o destino do outro.

O fim da "paz" seria uma situação onde o pobre, cansado de sofrer, se irrita e de forma agressiva, passa a ameaçar a ganância dos que estão bem. Para calar a boca dos pobres, foi criada a forma de caridade apoiada por Divaldo Franco, que não mexe nos interesses dos ricos, mas cria meios que façam com que os pobres suportem a sua situação inferior, como um osso que serve para que o cão pare de latir. Lembrando disso, é interessante a analogia entre a farinata e a comida para cachorro.

A caridade "espírita" - muito diferente da revolução social proposta por Allan Kardec, mero objeto de bajulação dos "espíritas" brasileiros - é paliativa, precária e não consegue dar dignidade ao poro pobre, além de servir de mero meio de promoção para as lideranças "espíritas" como Divaldo Franco, o maior beneficiado da caridade que alega praticar.

Trocando em miúdos, o "Você e a Paz", como parte integrante dessa caridade paliativa, é uma farsa. Não é uma campanha de ativismo pela instalação da verdadeira paz no planeta, pois não consegue resolver os problemas básicos - as desigualdades sociais resultantes da ganância capitalista - que impedem a instauração de situações que garantam esta paz. 

O "Você e a Paz" é um engodo para entreter as massas e fazê-las fugir da realidade estimulando um otimismo igrejeiro que as faça pensar em algum altruísmo que há mais de 100 anos nunca conseguiu melhorar a realidade brasileira de forma eficiente. 

Se Divaldo espera a perfeição oferecendo formas frouxas de caridade, ele, da fato um mau espírita, se enganou direitinho. Junto com Dória e a farinata, vão todos rolar ribanceira abaixo, com a reputação destruída por não conseguir transformar a sociedade no nível recomendado pela doutrina original.

A farinata mostrou que tipo de caridade os "espíritas" querem fazer

Uma verdadeira prova de como os "espíritas" entendem como altruísmo se deu há pouquíssimas semanas. Uma doutrina que tem a caridade como dogma mas que em mais de 100 anos não conseguiu resolver as desigualdades sociais no país, não pode ser verdadeiramente altruísta.

João Dória, numa tentativa de melhorar a sua imagem  forjando algum altruísmo, lançou o que ele chamou de farinata, uma gororoba feita com restos de comida, cuja verdadeira intenção é dar um destino menos oneroso à comida que iria ser descartada de forma mais cara. Alegando ser um composto vitamínico, Dória, de início conseguiu enganar a todos. Mas a mentira durou pouco tempo.

Curioso que Dória lançou a farinata na mesma semana em que sua imagem é arruinada, prejuticando sue planos de ser presidente da República. E para piorar a situação, Dória resolveu chamar alguém para cair junto com ele: Divaldo Franco, suposto médium baiano e  uma espécie de "Papa" do "Espíritismo" brasileiro, sendo sua maior liderança.

Não se sabe de quem partiu a iniciativa, se de Divaldo ou de Dória. O que se sabe é que o evento liderado por Divaldo, o Você e a Paz, em sua edição paulista, foi usado como oportunidade para dória lançar a sua gororoba processada. O publicitário que assumiu a prefeitura de São Paulo esteve na Bahia há poucos meses - e recebeu uma merecida ovada - e possivelmente deve ter entrado em contato com Divaldo, combinando o evento.

O estranho alimento foi taxativamente reprovado por nutricionistas e filantropos sérios. Todos garantem que o engodo fere a dignidade humana e sua origem misteriosa coloca o mesmo sob suspeita, podendo haver substâncias que causam doenças graves e que podem até morrer.

Aliás, há uma suspeita que o alimento tenha sido a causa da morte de várias pessoas na instituição Missão Belém, ligada à Igreja Católica. A instituição havia sido o local usado para testes com a farinata. Boatos ainda não desmentidos, nem confirmados, falam que um dos cachorros de Michel Temer, o golpista que saqueou a presidência, morreu após comer o engodo, apelidado de "comoda para cachorro" e "lavagem de porco".

O que é importante observar que o apoio de Divaldo Franco a algo tão reprovável mostra que tipo de caridade os "espíritas", incapazes de transformar a sociedade como um todo, querem fazer, sempre tratando o povo pobre como inferior e não merecedor dos mesmos direitos que as outras classes sociais. 

Bom destacar que os "espíritas" acreditam que os pobres são a reencarnação dos maus, o que vai contra a doutrina original, que não permite o falso testemunho, alegando que cada pessoa se encontra em uma situação particular - sem essa de "resgates coletivos", tendo que ser observados os contextos e o "currículo" de encarnações para se definir como será o destino do indivíduo.

Por acreditar que os pobres são os maus que retornaram, os "espíritas" optam por um conservadorismo enrustidamente sádico que pretende tratar o povo pobre com inferioridade, reservando para eles apenas uma caridade paliativa que os faça aceitar o sofrimento que nunca é cessado. É importante lembrar que os "espíritas" estão cada vez mais entusiasmados com a medieval Teologia do Sofrimento, que ajuda a dar um caráter positivo ao seu egoísmo prático.

Portanto, a mascara do "Espiritismo" brasileiro cai definitivamente. Com total incompetência para realizar transformações  sociais, decide apoiar um projeto duvidoso de alguém ainda mais duvidoso, selando o macabro acordo entre João Dória e Divaldo Franco, que juntos vem as suas imagens ruírem definitivamente, mostrando que nenhum dos dois é capaz de eliminar as desigualdades crônicas de nossa injusta sociedade.

Mentira tem perna curta. Curta, mas que pode andar por muito tempo

Brasileiros adoram mentiras. Mentiras boas, felizes, caridosas, que venham de fontes confiáveis. A realidade é triste, feia e cruel, portant...