"Espiritismo" brasileiro: uma religião golpista


Para a opinião pública, que só enxerga fatos se aparecer em algum meio de comunicação, somente os evangélicos, principalmente neo-pentecostais e batistas, além de alguns setores da igreja católica, apoiaram claramente o golpe político de 2016, coerente com os ideais retrógrados que defendem. Mas outra religião apoiou o golpe de forma discreta, embora entusiasmada sem que muitos percebessem.

O "Espiritismo" brasileiro sempre foi uma religião conservadora. Seu progressivismo nunca passou de mera fachada e toda a bajulação a Allan Kardec, este sim comprometido com ideais de progresso, foi completamente inútil para que o "Espiritismo" brasileiro, conservador em sua essência, mudasse seu repertorio dogmático. 

A fachada de progressista é na verdade uma isca para atrair adeptos que se consideram insatisfeitos com os dogmas de outras religiões. Mas quando se entra nos "centros espíritas" logo se percebe a cilada: um desfile de ideais mais parecidos com o medievalismo católico, mas enfeitados com estereótipos de doutrinas orientais, ocorre em palestras cada vez mais parecidas com sermões de missas católicas.

Não é de se surpreender que a seita que apoiou o retrógrado D. Pedro II e que esteve do lado de ditadores e torturadores na ditadura militar quando nem mesmo os mais conservadores defendiam o sistema político dos autocratas de farda tivesse apoiado o golpe de 2016.

O mesmo "Espiritismo" que defendeu os milicos em sua pior fase (governo Médici) classificou o golpe contra Dilma Rousseff como "início da regeneração do planeta", anos depois de dar a ela uma cópia do delirante livro "Brasil, coração do mundo" de Chico Xavier, que criminosamente usou o nome do escritor Humberto de Campos para assinar o embuste cheio de erros históricos.

O episódio recente do apoio de Divaldo Franco a mais do que controversa farinata lançada pelo prefeito de São Paulo João Dória mostra qual é o lado em que os "espíritas" brasileiros preferem estar, mostrando que de "kardecista" os "espíritas" brasileiros não tem nada.

O "Espiritismo" que está totalmente desmoralizado por causa do festival de contradições que não consegue explicar nem retirar, completa todo o seu fracasso com o apoio claro ao golpe de 2016. Sendo uma seita de elite (maior parte dos seguidores de classe média alta, com vida confortável e nível de escolaridade superior), obviamente que o "Espiritismo" iria defender a sua classe. 

"Espíritas", essa gente gananciosa e que, além de usar a religiosidade para forjar a bondade que não possuem, entende como "caridade" o ato de dar paliativos sem eliminar a miséria crônica das classes oprimidas. Os "espíritas", em sua maioria, pertencem a uma classe que reprova o verdadeiro altruísmo dos governos petistas, gestões que mudavam as leis para que renda e benefícios pudessem ser repartidos com toda a população.

Com o apoio ao golpe, o "Espiritismo" deixa a sua máscara cair e rompe definitivamente com a verdadeira caridade, travando a evolução do planeta, fazendo a alegria de espíritas mal intencionados, que atraídos para a hipocrisia "espírita" bagunçam as vidas de muitos para que tudo seja mantido como está, numa injusta distribuição de renda e direitos que reserva a prosperidade e a dignidade apenas para uma classe, enquanto a outra sofre esperado a hora de "desencarnar".

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