Hoje se inicia mais uma novela no horário das 18:30, Amor Eterno Amor, de Elizabeth Jhin. A trama, que não é necessário falar aqui, segundo a autora, católica assumida (tudo a ver, por incrível que pareça), pretende estar relacionada com a Doutrina Espírita. Será?
Pode ser até que alguns elementos apareçam. Mas como já foi visto em outras novelas que se pretendiam "espíritas", a doutrina ou é mostrada sem profundidade, sem a lógica racional que a mesma exige ou chega a distorcer conceitos ou até chegar ao ridículo, como a risível visão do mundo espiritual da novela A Viagem, mostrada como um imenso campo de golfe onde eternamente se fica brincando de ciranda. Castigo pior que esse, só os que ocorrem no fictício umbral (o "inferno" dos espíritólics).
Numa época em que a doutrina corre o sério risco de dogmatização, graças a tradição católico/evangélica e a não-vocação racionalista do povo brasileiro, distorcer aspectos da doutrina ou ficar limitado a certos conceitos, pode ser perigoso. Pode fazer com que a ideologia codificada por Allan Kardec, um cientista, possa ter a sua finalidade, a de evoluir a sociedade através do desenvolvimento ético e intelectual, ido por água abaixo.
Com isso, a Doutrina Espírita acabará transformada num mero circo de paranormalidades, ou apenas mais uma religião como as outras, onde acreditar em absurdos se torna motivo de salvação.
Melhor classificar essa e outras novelas como espiritualistas ou pacificadoras. Usar as mesmas para servir como "meio de educação espírita" parece um mau negócio que só poderá fazer com que a doutrina seja má interpretada.