Uma verdadeira prova de como os "espíritas" entendem como altruísmo se deu há pouquíssimas semanas. Uma doutrina que tem a caridade como dogma mas que em mais de 100 anos não conseguiu resolver as desigualdades sociais no país, não pode ser verdadeiramente altruísta.
João Dória, numa tentativa de melhorar a sua imagem forjando algum altruísmo, lançou o que ele chamou de farinata, uma gororoba feita com restos de comida, cuja verdadeira intenção é dar um destino menos oneroso à comida que iria ser descartada de forma mais cara. Alegando ser um composto vitamínico, Dória, de início conseguiu enganar a todos. Mas a mentira durou pouco tempo.
Curioso que Dória lançou a farinata na mesma semana em que sua imagem é arruinada, prejuticando sue planos de ser presidente da República. E para piorar a situação, Dória resolveu chamar alguém para cair junto com ele: Divaldo Franco, suposto médium baiano e uma espécie de "Papa" do "Espíritismo" brasileiro, sendo sua maior liderança.
Não se sabe de quem partiu a iniciativa, se de Divaldo ou de Dória. O que se sabe é que o evento liderado por Divaldo, o Você e a Paz, em sua edição paulista, foi usado como oportunidade para dória lançar a sua gororoba processada. O publicitário que assumiu a prefeitura de São Paulo esteve na Bahia há poucos meses - e recebeu uma merecida ovada - e possivelmente deve ter entrado em contato com Divaldo, combinando o evento.
O estranho alimento foi taxativamente reprovado por nutricionistas e filantropos sérios. Todos garantem que o engodo fere a dignidade humana e sua origem misteriosa coloca o mesmo sob suspeita, podendo haver substâncias que causam doenças graves e que podem até morrer.
Aliás, há uma suspeita que o alimento tenha sido a causa da morte de várias pessoas na instituição Missão Belém, ligada à Igreja Católica. A instituição havia sido o local usado para testes com a farinata. Boatos ainda não desmentidos, nem confirmados, falam que um dos cachorros de Michel Temer, o golpista que saqueou a presidência, morreu após comer o engodo, apelidado de "comoda para cachorro" e "lavagem de porco".
O que é importante observar que o apoio de Divaldo Franco a algo tão reprovável mostra que tipo de caridade os "espíritas", incapazes de transformar a sociedade como um todo, querem fazer, sempre tratando o povo pobre como inferior e não merecedor dos mesmos direitos que as outras classes sociais.
Bom destacar que os "espíritas" acreditam que os pobres são a reencarnação dos maus, o que vai contra a doutrina original, que não permite o falso testemunho, alegando que cada pessoa se encontra em uma situação particular - sem essa de "resgates coletivos", tendo que ser observados os contextos e o "currículo" de encarnações para se definir como será o destino do indivíduo.
Por acreditar que os pobres são os maus que retornaram, os "espíritas" optam por um conservadorismo enrustidamente sádico que pretende tratar o povo pobre com inferioridade, reservando para eles apenas uma caridade paliativa que os faça aceitar o sofrimento que nunca é cessado. É importante lembrar que os "espíritas" estão cada vez mais entusiasmados com a medieval Teologia do Sofrimento, que ajuda a dar um caráter positivo ao seu egoísmo prático.
Portanto, a mascara do "Espiritismo" brasileiro cai definitivamente. Com total incompetência para realizar transformações sociais, decide apoiar um projeto duvidoso de alguém ainda mais duvidoso, selando o macabro acordo entre João Dória e Divaldo Franco, que juntos vem as suas imagens ruírem definitivamente, mostrando que nenhum dos dois é capaz de eliminar as desigualdades crônicas de nossa injusta sociedade.