"Espíritas" colocam a Bíblia acima dos livros de Kardec e ignoram obra básica

Apesar de se assumirem como "espíritas", de se rotularem como "kardecistas" e de falarem em nome do "Espiritismo", o que se observa no Brasil é uma outra filosofia, muito diferente da de Kardec. O que os brasileiros conhecem como "Espiritismo" se tornou uma seita confusa, tão alienada quanto outras crenças, que usa a ciência somente para autenticar as sandices embutidas nelas e que apesar de fingir romper com o religiosismo católico, faz justamente o contrário, aproveitando ao máximo o que for de interessante na santa igreja dos padres.

O "Espiritismo" brasileiro, que de tão catolizado podemos chama-lo de Espiritolicismo, ou simplesmente de Igreja Espírita, fala muito em Kardec, cita o nome dele aos quatro cantos. Mas utilizar as obras escritas pelo professor francês, que é bom, nada. Kardec virou uma espécie de cartório, um meio de autenticar o confuso sincretismo que é colocado como enxerto em algo que deveria ser científico e racional.

Os espiritólicos (ou pseudo-espíritas), na verdade, elegeram a Bíblia, sobretudo o Novo Testamento, como seu manual de instruções. Os livros de Kardec até são lidos, principalmente o Evangelho Segundo o Espiritismo, por causa das referências ao Novo Testamento. Mas são lidos sem a dedicação necessária, engolidos feito um hambúrguer comido às pressas.

Se esquecem os pseudo-espíritas que o livro Evangelho Segundo o Espiritismo não é uma "tradução espírita" para o Novo Testamento. O E.S.E. é uma análise, quase uma contestação, onde o codificador, com a ajuda de vários espíritos, tenta, usando a lógica, estudar as passagens interessantes da vida de Jesus, evitando o igrejismo, e se limitando ao que considera útil para o aprendizado da humanidade. Quem acha que o E.S.E. é uma tradução do Novo Testamento não leu direito e está forçando a barra para que Kardec seja considerado um líder religioso, como um Papa.

E olha que o mesmo E.S.E. tem um capítulo muito "perigoso" para os devotos de "São" Chico Xavier, alheios a qualquer forma de raciocínio e análise: O CUEE, O Controle Universal do Ensino dos Espíritos, onde o codificador ensina a se prevenir contra mensagens de comunicações que possam ser nocivas, tolas, ou simplesmente equivocadas. Os pseudo-espíritas adoram pular esta parte "complicada" do livro. Interessa mesmo é a pieguice irresponsável do amor sem raciocínio.

Para os espiritólicos, a associação do E.S.E. com o Novo Testamento (conhecido também como "evangelho"), é muito mais importante até mesmo que o conteúdo do livro de Kardec. Afinal, mesmo para os que se fingem "espíritas da gema", aq Bíblia e mais ainda o "Evangelho", ainda é o mais importante. Não por acaso, os espiritólicos são conhecidos como "espíritas evangélicos".

Obra realmente básica é ignorada pelos espíritas evangélicos

E esse equívoco é ainda mais agravado pelo desprezo mais que solene ao livro "O que é Espiritismo", escrito por Kardec para apresentar a doutrina. Este livro, que a FEB nem gosta de reeditar, toca em muitos pontos delicados aos interesses dos líderes "espíritas" brasileiros. Como estes pretendiam transformar o Espiritismo em uma igreja, qualquer tentativa de intelectualização da doutrina soa desagradável, pois todos sabemos que religiões são excelentes instrumentos de dominação, exploração e de satisfação dos interesses privilegiados de seus líderes.

E por isso mesmo, manter o igrejismo consagrado antes por outras seitas parece bem mais conveniente no Brasil, cujo povo, formado por descendentes de mendigos, meretrizes e meliantes expulsos de Portugal, já possui o tradicional hábito de nunca raciocinar e de desprezar e criticar quem raciocina. Enfim um terreno fértil para a exploração feita pelos líderes religiosos. O "Espiritismo" brasileiro não iria ficar fora dessa e tome mais dos mitos bíblicos para desviar o foco dos valores intelectuais.

E nada melhor que embutir as ilusões do Catolicismo na versão brasileira da doutrina. É bem confortável para quem adora ilusões religiosas. E mantê-las no "Espiritismo" brasileiro é bom porque não se rompe com o que se acreditava antes.

Elegendo a Bíblia como "livro essencial", dá se a ilusão de que "Deus em pessoa" está "gerenciando" o Espiritismo, já que para os religiosos que acreditam no "livro sagrado", o mesmo foi "escrito" por "Deus" através de "inspiração divina", algo que os pseudo-espíritas também fazem com Kardec, inventando que as obras da codificação também foram "inspiradas".

E nesse igrejismo, a doutrina mais confunde que esclarece além de repetir com os seus seguidores o proselitismo alienado que mantém tudo como está, desde que se coloque o (falso) amor que acredita que um monte de absurdos irão "salvar" o planeta. 

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