Alan tinha uma bela casa. nem grande, nem pequena, mas de cômodos muito bem divididos. Normalmente era usada também para trabalho e estudo de Alan e seus colegas. Um dia Alan teve que viajar e deixou a casa, avisando aos vizinhos para observarem se houvesse algo estranho. Mesmo assim, os vizinhos acabaram não cuidando da casa, pois tinham outros afazeres em seus cotidianos.
Nisso, um jovem de nome Adolfo anda pela rua e sente que a casa era excelente para uma festa. Decide arrombá-la e chama não apenas seus amigos, mas autoriza que estes também trouxessem seus amigos, mesmo que Alan não os conhecesse.
A festa foi um sucesso. Música alta, bebidas fartamente distribuídas que nunca acabavam. Uma beleza. Mas esta festa que nunca terminava acabou danificando a casa. Mas ninguém ligava, pois além da casa não ser deles, a festa estava boa demais para que alguém se preocupasse com detalhes.
Um dia, Adolfo teve que ir embora, mas a festa não podia terminar. Mesmo sem um organizador, a festa continuou, com crescente sucesso, proporcional ao ritmo de destruição da casa, que estava suja e cheia de avarias.
Nisso chega outro jovem, Francisco, que decide entrar e após perceber que a festa era boa, resolveu organizar. Mas decidiu que a festa seria ainda melhor. Resolveu incrementá-la. Chamou músicos de renome, instalou luzes e efeitos visuais, chamou mais amigos, amigos de amigos e amigos de amigos de amigos e até desconhecidos. Abasteceu com muito mais comida e mais bebida ainda. A festa foi ainda melhor. Quem passava pela rua, entrava na casa e ficava. E como na festa anterior, quanto mais sucesso fazia, mais danos apareciam. Mas ninguém se importava, a festa era de arromba. Metaforicamente e literalmente falando.
Foi uma festa duradoura e inesquecível. Melhor do que todas as outras. Até hoje todos se lembram dela, após a festa não ter acabado. Quando Francisco saiu, outro jovem, Franco, continuou. Não foi tão badalada quanto a de Francisco, mas fez sucesso. Há anos, Alan não voltou para a casa. Ao voltar para o bairro, encontrou a festa em andamento e sua casa tão destruída que desistiu de entrar em sua própria casa, transformada em um antro festivo, e resolveu retomar tristemente a sua viagem, para nunca mais voltar. Pra quê, se seus pertences estavam todos perdidos, destruídos ou roubados? A casa estava no comando dos invasores.
A festa ainda continua e muito bem sucedida. Franco ainda está no comando, mas ameaça sair. Quem se importa? Mesmo que não haja liderança, a festança sempre estará uma maravilha. Mesmo que a casa esteja toda em frangalhos, totalmente arruinada.
Há quem garanta que a festa nunca irá acabar e ainda poderá ser mais incrementada. Quem viver, verá.