Porque somente agora, anos após sua morte, Chico Xavier é devidamente contestado?

Uma das reclamações dos fãs de Chico Xavier, ao visitarem fóruns espíritas que o contestam, é porque somente agora o médium tem sido devidamente contestado, após a sua morte? Isso merece alguns esclarecimentos.

Na verdade, Xavier sempre foi contestado. Vários intelectuais espíritas, conhecedores de fato da doutrina de Allan Kardec, sabiam que Xavier não era realmente um espírita. Não é preciso ser espírita para ser médium e vice-versa. O problema é que não havia um meio de comunicação como a internet para que possa dar oportunidade a debates mais aprofundados.

Os únicos meios de comunicação disponíveis na época, sem entender nada, preferiram apelar para o sensacionalismo e, com a ajuda da FEB, transformar o médium mineiro em um mito, uma espécie de "santo" vivo, se aproveitando da ingenuidade dos que procuravam Xavier para pedir ajuda.

A mídia conseguiu transformar aquilo que deveria ser Espiritismo em uma seita dogmática como as outras religiões, com crenças irracionais, contradições e a todo o tipo de deturpação que a FEB tinha direito. A transformação da doutrina em uma seita tem enchido os cofres da FEB e de muitos escritores que com suas obras psicografadas e "psicografadas", tem lançado mão da pieguice para seduzir os mais incautos seguidores da FEB.

E foi uma deturpação de muitas décadas. A contestação desses erros existia, mas acontecia de maneira quase clandestina, já que para o senso comum, "Espiritismo" era Chico Xavier, a FEB e tudo isso que era mostrado como tal, excessivamente sentimental e quase nada racional (embora usasse a expressão "fé raciocinada" como propaganda e forma de dar autenticidade as distorções difundidas).

Com a internet, pessoas comuns foram ganhando oportunidade de se manifestar e os debates foram se multiplicando e se enriquecendo. Muita gente que não aceitava a influência do médium começou a postar suas contestações. Muita gente, como eu, recebeu o recado e pulou fora desse falso Espiritismo que apesar de se definir como "kardecista", pouco ou nada lia Kardec.

Xavier morreu em 2002. Apesar da internet ter surgido no Brasil cerca de 6 anos antes, só começou a se tornar realmente influente um pouco menos do que 10 anos após o falecimento do médium. E somente em 2012 a iconoclastia à imagem do médium tem se tornado mais intensa. 

Não foi porque o médium tenha morrido que os debates ganharam força e sim pela facilidade da internet como difusor de ideias. Se Xavier estivesse vivo, com certeza teria que engolir as críticas a ele, muito mais consistentes e "ferozes" dos que ele recebia da Igreja Católica (na verdade a sua verdadeira crença). Xavier vivia magoado com o Catolicismo, pois o amor devotado à religião dos padres não tinha a reciprocidade esperada por ele. Talvez isso tenha feito com que Xavier tenha encontrado na FEB o seu exílio religioso.

As discussões estão se fortalecendo. Se depender dos debates, Xavier definitivamente será apagado da história do Espiritismo brasileiro. Até porque ele, pela vontade que tinha, certamente estava inserido na religião errada, para a a tristeza dele, de todos os admiradores e de todos os detratores.

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