A multiplicação dos questionamentos acerca dos erros que o "movimento espírita" fez em 131 anos de existência, vários deles gravíssimos e que geraram muitos escândalos, faz com que os seguidores reagissem com desespero e apreensão.
Agora, a Internet não somente relembra os antigos escândalos, como os amplia, da mesma forma como divulga e amplia os mais recentes, assim como revela outros mais antigos que estavam ocultos até agora. E como reagem os "espíritas" diante de tudo isso?
Reagem da pior forma possível. Mantém-se a postura contraditória que passaram a ter nos últimos 40 anos, quando a crise roustanguista fez com que o "movimento espírita" deixasse a defesa entusiasmada ao advogado que primeiro distorceu a Doutrina Espírita para adotar uma postura dúbia. E olha que a cúpula da Federação "Espírita" Brasileira voltou a ser abertamente roustanguista.
Essa postura dúbia da maior parte dos "espíritas", manifesta em muitos blogues e depoimentos à imprensa, além de, é claro, nas palestras em "centros espíritas" ou congressos relacionados à doutrina, consiste em uma aparente defesa da fidelidade doutrinária a Allan Kardec, mas mantendo práticas que correspondem à linha roustanguista, mas de uma maneira mais acanhada.
De um lado, evocações um tanto pedantes à ciência e um grande desfile de citações de personalidades intelectuais genuínas, sejam filósofos, físicos, sociólogos, químicos, astrofísicos, ou mesmo poetas de grandiosa relevância cultural. Ativistas de grande valor também apareciam nos textos "espíritas".
De outro, havia a manutenção da credulidade de uma falsa mediunidade, tida como verídica mesmo quando distorções graves, como o estilo do suposto médium e o propagandismo religioso, são facilmente identificáveis.
Tudo vira um círculo vicioso. Enquanto há todo um blablablá em prol da ciência, enquanto seus adeptos pregam "coerência espírita", citando Kardec, Erasto e até o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, há também o endeusamento a Chico Xavier, Divaldo Franco e à crendice nas suas mistificações.
Essa eterna contradição, que já era latente desde quando o roustanguismo começou a ser combatido com intensidade nos anos 1940, se consolidou nas últimas quatro décadas e agora não conseguem abafar a crise, fazendo os "espíritas" se afundarem com reações que já se tornam repetitivas.
Pesquisando as páginas "espíritas", a ênfase na "conduta moral" tornou-se seu escudo, com textos falando de apelos à fraternidade, superação do orgulho e do egoísmo, manutenção e renovação da fé cristã, entre outras coisas. No entanto, é o mesmo "espiritismo" que provocou as desordens que agora se voltam contra ele, pelos inúmeros erros, não obstante gravíssimos, que cometeu.
São ações desesperadas, e esses apelos são carregados de pieguice, com ilustrações que variam entre paisagens celestes, crianças formando roda ao se darem as mãos e até um regador de flores jogando água sobre uma rosa. Mas seu conservadorismo faz com que os "espíritas" parem no tempo, principalmente quando tentam argumentar que "mais vale ouvir do que falar".
O caráter repetitivo de suas reações chorosas, o medo da desqualificação de Chico Xavier, os desentendimentos contra quem quer que Chico Xavier seja "acima do que ele foi" e os seguidores pretensamente "realistas" faz a crise do "movimento espírita" aumentar, se aproximando dos níveis insustentáveis.
Eles reclamam até mesmo de serem supostas vítimas de intolerância religiosa, sem perceberem que as críticas pesadas ao "movimento espírita" não se devem pelo fato de não suportarmos a doutrina como movimento religioso, mas por não tolerarmos a prática de mentiras, fraudes, mistificações e valores retrógrados que a ênfase exagerada na religiosidade pelos "espíritas" permite fazer.
Nossa intolerância é, na verdade, contra a mentira, a fraude, a mistificação e o moralismo retrógrado.