Apesar das deturpações, da má compreensão, da falta de leitura e de pesquisas estacionadas, os pseudo-espíritas brasileiros são "educados" a se auto-rotularem de "kardecistas", com um certo orgulho, como se o rótulo pudesse compensar o desprezo total pelas ideias apresentadas na codificação.
Para os brasileiros que pensam ser o Espiritismo essa forma gororobizada de Catolicismo que acredita - crença, não conhecimento - em reencarnação, Kardec nao vai muito além de um mero nome a servir de cartório para autentificar os dogmas de fé cega instalados nesta forma estranha de Espiritismo praticada no Brasil.
Poderia ser desnecessária toda essa bajulação a Kardec já que o prestígio dado a Chico Xavier, o maior deturpador da doutrina e um católico fervoroso e praticante até o fim da vida - o que fortaleceu a permanência dos enxertos católicos colocados no início por dissidentes da igreja que fundaram a FEB - e a publicação incessante de obras "psicografadas" com novelinhas piegas sobre amor e superação bastam para os seus seguidores totalmente desinteressados em qualquer coisa que fosse REALMENTE científica.
Mas então, se a ideologia de Allan Kardec não interessa, porque falar tanto em nome dele? Ora, o cara era cientista, pedagogo, matemático, poliglota e adorava pesquisar. Nada melhor que usar o carimbo com o nome do codificador para legitimar as asneiras lançadas por muitas obras "psicografadas", sobretudo as do católico, sempre católico, eternamente católico Chico Xavier.
É como um mau profissional que precisa da carta de recomendação assinada por um profissional consagrado. É o que acontece muito na música de hoje como os medíocres da breguice gravando clássicos da MPB. Uma boa referência sempre fortalece as coisas ruins que passam a não ser vistas como ruins por causa da associação com os bons valores artificialmente agregados.
E também é uma excelente forma de malandragem, pois estimula a preguiça - ué, preguiça não era pecado, católicos que acreditam em reencarnação? - sobretudo a intelectual. Ótimo, sou kardecista sem ler Kardec. "Kardec é muito complicado, vou ler "Flores na Varanda" e similares e vou fingir que as ideias de Kardec estão contidas nele", diriam os pseudo-espíritas brasileiros.
Joia. Ninguém pensa, ninguém analisa, ninguém raciocina. Só acredita e ora. Maravilhoso. Toneladas e toneladas de esforços sendo dispensados justamente pelos mesmos que acreditam que preguiça é pecado. Pouca vergonha! Um pouco mais de estudo e contestação não faria mal a ninguém!
Para piorar, a FEB, Federação Espúria Brasileira teve a cara de pau de inventar um Kardec fictício, igrejista, discípulo de um fantasminha de desenho animado que seus líderes deram o nome de "Ismael", com direito a uma mensagem falsamente atribuída, que contesta radicalmente toda a obra da codificação. Como se Kardec tivesse arrependido de sua racionalidade para aderir a uma pieguice burra e irresponsável, comumente praticada pelos católicos brasileiros que se auto-rotulam de "espíritas".
Jogaram no lixo o trabalho de Allan Kardec! O nome do codificador, que sofreu horrores para trazer resultados de um complexo trabalho de pesquisa, é utilizado apenas como "carimbo" para que acreditemos que asneiras como "colônias espirituais", "crianças índigo", "animais desencarnados", "médiuns perfeitos" entre outras tolices, fazem parte da codificação e que os "mestres" que ganham muito dinheiro (pra caridade? Nããããoooo!) às custas dos trouxas sentimentais, são "espíritos superiores enviados pela divindade máxima para guiar a humanidade no caminho do bem". Bem? Só se for o bem estar desses falsos profetas do "Espiritismo" brasileiro!
Coitado de Allan Kardec, ainda o grande desconhecido para os brasileiros. Ainda vamos demorar séculos e mais séculos para entender o que ele quis dizer com sua obra. Por enquanto, ele é um mero nome a legitimar fantasias. Adiamos mais uma vez a evolução espiritual. Até quando, não sei.