Os brasileiros que pensam que são espíritas costumam subestimar a vida material. Atribuem tudo de ruim a vida material, alegando ser a espiritual mais importante. Não, nada disso. A vida material é tão importante que a espiritual, pois ambas fazem parte de um ciclo.
Não vou ficar me preocupando com a vida espiritual, assim como não vou ficar me preocupando com o que vai acontecer amanhã. O hoje é que interessa e hoje estou encarnado. O que faço hoje é que vai determinar como será o amanhã. Se eu esquecer o hoje, o amanhã poderá ser prejudicado pela minha inércia ou por alguma atitude errada, ambas com base na preocupação desnecessária com o futuro.
Quando eu, inocentemente, estava nessa versão deturpada de Espiritismo praticada no Brasil, cheia de dogmas e erros, fui condicionado a me preocupar com o futuro. A preocupação com o futuro me fez esquecer do presente, fez desenvolver em mim um medroso pudor que me impediu de aproveitar melhor das oportunidades. Hoje estou razoavelmente bem, mas poderia estar muito melhor, se observar as oportunidades que me aparecerem e que recusei por medo.
Até porque o Espiritismo, no Brasil é uma religião. Não deveria ser, ou melhor, não foi criada para ser. E como toda a religião, que não passam de formas de dominação, usa o medo como alavanca de manobra. "Não faça isso porque pode acontecer com você aquilo", é a base de todas elas.
E era a minha filosofia de vida, me esquecendo que Kardec garantiu que "tudo é lícito, mas nem tudo convém". Mas eu, pacato que sempre fui, só encontrei oportunidades que convinham, pois nunca fui de ir em busca de encrencas, como fazem a maioria das pessoas. As oportunidades que eram excelentes - pseudo-espíritas acreditam que oportunidades perdidas são sempre nocivas, o que a lógica diz que não é verdade - , foram perdidas por causa da minha fé cega no futuro prometido pelo "Espiritismo" fajuto dos brasileiros.
Hoje, o futuro chegou. Vivo cheio de arrependimentos, os fantasmas que ainda andam comigo até hoje. Se bem que o maior erro não foi exatamente perder as oportunidades. Foi entrar nesse "Espiritismo" de araque que segue as orientações de um ingênuo caipira mineiro transformado em "semi-deus"infalível e inquestionável.
Desde que saí, decidi me preocupar com o presente. Mesmo sendo a vida espiritual uma realidade, não é hora de me preocupar com ela. Vou me preocupar com este segundo, comigo sentado aqui, escrevendo este texto. O que vier depois será consequência disto.
Seguir essa seita estranha que os incautos pensar ser o "Espiritismo", me fez ter fé em um futuro que nunca chegaria, pois esse futuro dependia do presente que eu estava me recusando a construir. Agora que o tal presente virou passado, sinto dizer que é tarde para voltar, pare tentar retomar as oportunidades que se foram como trens de uma só viagem. Melhor começar tudo de novo.